Mulheres Celtas: Sacerdotisas, Guerreiras e Líderes de um Mundo sem Fronteiras
Mulheres Celtas: Sacerdotisas, Guerreiras e Líderes de um Mundo sem Fronteiras
Quando pensamos nos celtas, é comum vir à mente imagens de homens com escudos e espadas, druidas de mantos brancos ou reis lendários. Mas há uma história apagada por séculos de narrativas patriarcais: a das mulheres celtas como sacerdotisas, druidesas, líderes políticas e guerreiras — figuras centrais em uma cultura que via a força feminina como sagrada.
1. A Sociedade Celta: Um Terreno Fértil para o Poder Feminino
Ao contrário de gregos e romanos, que relegavam as mulheres à esfera doméstica, os celtas pré-cristãos tinham uma visão equilibrada de gênero. Fontes clássicas, como o historiador Diodoro Sículo, relatam que as mulheres celtas participavam de assembleias, herdavam propriedades e até escolhiam seus parceiros.
Mas seu papel ia muito além:
Sacerdotisas do Sagrado Feminino: Em santuários como o de Sulis Minerva (na Britânia), mulheres conduziam rituais de cura e adivinhação, associando deusas à terra, à água e à fertilidade.
Druidesas: Embora os druidas homens sejam mais citados, textos medievais irlandeses (como o Lebor Gabála Érenn) mencionam Bandrui ("mulheres druidas"), responsáveis por ensinar leis, poesia e astronomia.
2. Guerreiras: Mito ou Realidade?
A imagem da "guerreira celta" não é apenas folclore. Arqueólogos encontraram sepulturas de mulheres com armas na Europa Central, datadas do século IV a.C. — prova de que elas podiam ocupar papéis bélicos.
Além disso, a história registra nomes lendários:
Boudicca: Rainha dos Icenos que liderou uma revolta contra Roma em 60 d.C., arrasando cidades como Londinium (Londres) com um exército de milhares.
Scáthach: Na mitologia irlandesa, era uma guerreira e mestra de artes marciais que treinou heróis como Cú Chulainn.
3. Sacerdotisas da Terra: A Espiritualidade que Unia Humanos e Natureza
As mulheres celtas eram guardiãs de rituais profundamente conectados aos ciclos naturais. Exemplos incluem:
Rituais de Imbolc: Celebrado em 1º de fevereiro, era dedicado à deusa Brigid, associada ao fogo sagrado, à cura e à poesia. Mulheres lideravam cerimônias de purificação e renovação.
Oráculos e Profecias: Segundo o escritor romano Tácito, druidesas como Veleda eram consultadas por tribos germânicas para prever o futuro e intermediar conflitos.
4. Liderança Política: Rainhas e Conselheiras
Enquanto em Roma uma mulher no Senado seria impensável, nas tribos celtas:
Cartimandua: Rainha dos Brigantes (norte da Inglaterra), governou por mais de 20 anos e negociou diretamente com o imperador romano Cláudio.
Medb: Na epopeia irlandesa Táin Bó Cúailnge, ela é retratada como rainha de Connacht, comandando exércitos e desafiando tabus para afirmar seu poder.
5. A Supressão Cristã e o Apagamento Histórico
Com a cristianização da Europa, o papel das mulheres celtas foi redefinido. Monges medievais reescreveram mitos, transformando deusas em "santas" (como Brigid → Santa Brígida) e reduzindo druidesas a "bruxas". A Inquisição posteriormente criminalizou práticas espirituais lideradas por mulheres, associando-as ao demônio.
6. Legado para Hoje: Por que Relembrar Essas Mulheres?
A história das mulheres celtas não é apenas uma curiosidade do passado. Ela nos desafia a repensar:
Espiritualidade Inclusiva: Uma religiosidade que não separa "homem" e "mulher", mas os une em torno da natureza.
Liderança Coletiva: Sociedades onde o poder não era uma hierarquia, mas uma rede de saberes compartilhados.
Resistência: Boudicca e outras nos lembram que a luta por autonomia é ancestral.
Conclusão: Um Chamado à Memória
As mulheres celtas não eram "exceções" — eram parte de um sistema que valorizava múltiplas formas de poder. Recuperar suas histórias é mais que um exercício acadêmico: é reconhecer que outra sociedade foi possível. E, quem sabe, inspirar novos caminhos para nosso tempo.
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Sugestões para aprofundar:
Inclua imagens de estátuas de deusas celtas (como Danu ou Morrígan), mapas das tribos ou ilustrações de manuscritos medievais.
Recomende livros como "The Celtic World" de Miranda Green ou "Warrior Women" de Jeannine Davis-Kimball.
Linke trechos de Táin Bó Cúailnge ou artigos sobre Boudicca em sites acadêmicos.
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