A Lenda de Oisín e Tir na nÓg: Quando o Amor Desafia o Tempo
Certa vez, eu estava conhecendo as colinas verde-esmeralda do Condado de Kerry, na Irlanda, um senhor da região com quem conversei, me contou uma história muito antiga e que ainda é muito falada nas histórias celtas: a Lenda de Oisín e Tir na nÓg.
É uma narrativa tão bela quanto trágica, cheia de lições sobre amor, saudade e a passagem implacável do tempo.
Prepare-se para viajar comigo não só pelas paisagens, mas também pela alma dessa terra.
O Encontro nas Ondas do Destino
Oisín, filho do lendário guerreiro Fionn mac Cumhaill, era um poeta e caçador destemido. Certo dia, enquanto explorava a costa irlandesa, avistou uma figura montada em um cavalo branco, cortando as ondas como uma flecha. Era Niamh, de Tir na nÓg, a “Terra da Juventude Eterna”.
Niamh é rainha de Tír na nÓg, filha de Manannán mac Lir, Deus do Mar e de Fand.
Fand é a Deusa do Mar na mitologia irlandesa, descrita como uma "Rainha das Fadas". Seu nome é traduzido como "Pérola de Beleza". Ela é vista como a mais bela das deusas, associada com as ilhas aprazíveis do Outro Mundo, com os jovens e as mulheres.
Os Cabelos de Niamh eram dourados e brilhavam como o sol. Seu olhar carregava a promessa de um amor que nem mesmo o tempo podia interferir.
Um dia, Niamh disse:
- Venha comigo, Oisín. Em minha terra não há morte, nem dor, só beleza e alegria.
Sem hesitar, Oisín seguiu-a para além do horizonte, onde o tempo não existia.
300 Anos em um Único Dia
Em Tir na nÓg, Oisín e Niamh viveram séculos de paz. Mas, mesmo em um paraíso, a saudade da família e da terra natal começou a corroer o coração do guerreiro. Niamh, temendo perdê-lo, permitiu que ele retornasse à Irlanda por um dia, sob uma condição:
- Não toque o chão de sua terra, ou o tempo o alcançará.
Ao desembarcar, porém, Oisín descobriu que 300 anos haviam se passado. Seu povo e sua família eram apenas memórias em canções. Sentiu-se muito triste. Em sua jornada pela terra natal, tentou ajudar alguns homens a levantar uma pedra, mas caiu do cavalo… e no instante em que tocou o solo, seu corpo envelheceu séculos.
O Legado nas Pedras Antigas
A lenda diz que Oisín, já um velho frágil, contou sua história a São Patrício antes de morrer, deixando um alerta: não há paraíso que valha a alma que abandonamos no caminho.
Encontrei essa história em lendas e em livros, e como dizem, gravada nas próprias paisagens. Nas rochas onde Oisín teria caído, nas marés que banham a costa de Kerry, há a memória de sua escolha impossível: entre o amor eterno e a raiz que o definia.
Por Que Essa História Me Marcou?
Em minhas viagens, percebo que os celtas entendiam a vida como um equilíbrio entre o sagrado e o efêmero.
Tir na nÓg não é um lugar geográfico, mas um símbolo daquilo que desejamos além do possível.
Quantas vezes buscamos nossos “paraísos” e perdemos o agora?
Deixe nos comentários: você já enfrentou uma escolha entre o que vive e o que desejaria viver?
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